
O pensamento é inseparável das redes de linguagem e a poesia ainda consiste na crítica e reflexão que a linguagem faz a si mesma, proporcionando vazios, fendas que possibilitam tais movimentos. É partindo dessas considerações que se propõe pensar a poesia de Giorgio Caproni como um arquivo poético, histórico, cultural, produzido por tensões, do qual o esgarçamento da palavra é um sintoma fundamental. Caproni percebe os escuros de seu tempo como algo que lhe indaga a todo instante, que o interpela: “Nem ao menos levará / a lanterna. Lá / o breu é tão breu / que não há escuridão”. O que desassossega não é aquilo que já se sabe ou se conhece, mas a esfera do “vazio”, ou nas palavras de Caproni “os lugares não jurisdicionais”, espaço no qual a razão é colocada à prova, é suspensa e certas fronteiras passam a ser repensadas.
O laboratório poético destas páginas é paradoxal e movido pela contínua e incessante busca por uma voz que parece sempre “escorregar” delineando uma figura que pelos seus gestos poderia se aproximar do arqueólogo ou etnógrafo, que escava, recorda, monta…

A tradição narrativa oriunda de Giovanni Boccaccio é referência toda vez que é abordado o conceito de realismo, em todas as suas articulações. Isso fica ainda mais evidente no contexto artístico italiano, em especial no campo literário, sendo geralmente associada ao gênio itálico a prerrogativa de se relacionar com o universo da escrita a partir de uma perspectiva social, histórica, fatual, ainda que alegórica ou transcendente (pense-se em Dante).
O outro século XX: embates entre literatura e realismos na Itália problematiza autores alternativos (Alberto Savinio, Guido Morselli, Giorgio Manganelli), pouco conhecidos por aqui. O que está em jogo nestas páginas é a capacidade de a escrita literária contestar a linguagem cotidiana, minando, ainda, as certezas antropocêntricas da história e do discurso. Por isso, não se trata de recair em estéreis contraposições de gênero, entre modos realistas e fantásticos.
Os nove ensaios reunidos neste volume, longe de exaurir uma questão tão debatida, têm por objetivo – mínimo e ingrato – tecer um contraponto a toda uma tradição humanista e mimética, por meio de alguns casos paradigmáticos, inseridos no prisma das novas visões gnosiológicas do século XX.

Eis aqui a história original A Flor Azul, do poeta Novalis, obra que foi escrita no momento de instituição do Primeiro Romantismo de expressão alemã. A edição da Rafael Copetti Editor reforça a autonomia desse conto emblemático.
Dentro do romance sobre a viagem de autoconhecimento do jovem Heinrich von Ofterdingen, de 1802, o personagem-poeta Klingsohr conta ao anti-herói a narrativa que trata do ideal simbólico da poesia romântica.
A Flor Azul tem seu enredo situado na Idade Média. Entre imagens simbólicas, mitológicas, ação e enigmas, as personagens são metáforas que sustentam o embate entre a Fábula (Poesia) em busca de Eros (Amor). O objetivo desse périplo é fazer frente à História (Pensamento) para, finalmente, salvar o mundo rumo ao sublime, à comunhão.
Em tradução de Maria Aparecida Barbosa e com prefácio de Claudio Willer, ilustrações de Rodrigo de Haro, A Flor Azul, em edição única, revela a força da narrativa que foi capaz de romper com a tradição alemã do período e fundar um novo paradigma literário.

Revista bilíngue, a Landa apresenta seu novo número com um dossiê intitulado “Afectos, redes y epistolarios”, organizado por Ana Peluffo (University of California, Davis, EUA) e Claudio Maíz (CONICET, UNCuyo, Mendoza, Argentina); uma seção resultante da chamada pública intitulada “Literatura, artes e erotismo”; e a já tradicional seção “Olhares” composta por uma homenagem ao recém-falecido filósofo italiano, Mario Perniola, de Juan Manuel Terenzi (UFSC), um texto de autoria de Perniola sobre o instigante tema do “between” e quatro ensaios de pesquisadores uruguaios e argentinos: Hebert Benítez Pezzolano (Universidad de la República, Uruguai) reflete sobre os escritos carcerários de Carlos Liscano e Ernesto González Bermejo; Luis Emilio Abraham (UNCuyo), sobre os zumbis no Poeta em Nova York de García Lorca; Juan Pablo Luppi (CONICET, UBA), sobre as professoras argentinas entre o lar e a escola; e Víctor Gustavo Zonana (CONICET, UNCuyo) sobre um relato de Antonio Di Benedetto.

A Professora Salma Ferraz e demais pesquisadores do NUTEL, convidam a todos os interessados para o lançamento, no próximo dia 29.06, às 10:30 horas, no Hall da Pós Graduação em Literatura, no Prédio do CCE, 3. andar, do livro Teologia do Riso, Humor e Mau Humor na Bíblia e no Cristianismo.
Quinta-feira – 28 de junho de 2018.
Auditório Elke Hering. Biblioteca Universitária.
Universidade Federal de Santa Catarina.
O Simpósio de Monstruosidades – Estética e Política objetiva apresentar uma gama de trabalhos acadêmicos que problematizem o monstro na cultura ocidental nas mais variadas manifestações e lugares institucionais: quadrinhos, literatura, cinema, música, artes visuais, religião, saúde, política e ciência. Resultado de uma disciplina do Programa de Pós-graduação em Literatura da UFSC, ministrada por Marcio Markendorf e Daniel Serravalle de Sá, o simpósio terá uma abordagem multidisciplinar e inclusiva, demonstrando o quanto o monstro, percebido como o anormal, o freak, o queer, o outro, o diferente, torna-se elemento metafórico para a produção de preconceito, abjeção, marginalização e violência. Evento gratuito e aberto à comunidade. Número limitado de vagas – link para inscrição.
Página do evento no Facebook.
Programação Simpósio de Monstruosidades
MINICURSO 24: Preenchimento da Plataforma Lattes – Nível I
Dia e Horário: 13/06/2018, das 14h às 18h
Local: 229 CCE/A
MINICURSO 23: PREENCHIMENTO DA PLATAFORMA LATTES – NÍVEL II
Dia e horário: 14/06, das 8h às 12h
Local: 252 CCE/A
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Proponente: Profª Maria Lúcia de Barros Camargo
Ministrantes: Bruna Silva Fragoso, Fernanda Christmann
Este minicurso tem por objetivo a orientação inicial aos alunos de graduação e de pós-graduação no preenchimento da Plataforma Lattes, a fim de auxiliar nas possíveis dificuldades e dúvidas. Inicialmente será realizada uma contextualização da Plataforma Lattes, que é administrado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em seguida, mostraremos como realizar o cadastramento na plataforma e a inserção dos dados. Os pontos tratados serão: dados gerais, formação, atuação, projetos, produções e eventos. Será abordado também as informações mais relevantes a serem inseridas na plataforma, bem como as oportunidades que a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) oferece aos estudantes. Atualmente, o Lattes é um requisito obrigatório para professores, alunos de pós-graduação e graduação que queiram estar na carreira acadêmica. O Lattes é utilizado em universidades públicas e privadas e pelos órgãos de fomento à pesquisa no país. A caracterização das informações, a sua abrangência e confiabilidade são primordiais para a concessão de financiamento e para a avaliação de docentes e discentes nas diferentes áreas.

Georges Bataille já nos mostrou que toda produção traz em si um excedente que se caracteriza pelo dispêndio improdutivo. É a contra-cara da economia utilitarista que mascara e busca preencher uma espécie de vazio imanente. Maurice Blanchot, por sua vez, pensa, em 1968, O espaço literário como um “inefável lugar de origem de qualquer obra de arte”. Este, seria um espaço de “Geografia impossível, escuridão e nada”. Já em seu livro de 1977, Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental, Giorgio Agamben se debruça sobre o tema do objeto ausente. Dentro das reflexões que empreende na obra, e partindo do conceito de imagem dialética cunhado por Walter Benjamin, Agamben pensa a ideia do emblema. O emblema, esse símbolo do puro deslocamento, seria o simulacro que faz girar em torno de si o vazio, gerando um procedimento de repetição que, por sua vez, retorna ao vazio. O emblema é um espaço de deslocamento originário onde a semântica, à moda da metáfora, está sempre sujeita a uma alteração. Para Agamben, esta é uma tônica da possibilidade do pensamento: o fazer girar. O vazio aqui se apresenta justamente como aquilo que permite o movimento, trata-se de uma ausência como potência, ainda que seja uma “potência de não”. Tendo o vazio como espaço próprio à criação, ao pensamento e ao movimento, o Núcleo Oco de Pesquisa em Arte(s) convida para a participação no I Seminário OCO: O vazio que pulsa, cujo objetivo é estabelecer o diálogo an-autonômico entre os diversos campos do saber, como Literatura, Filosofia, Cinema, História, Artes, entre outros. O período de submissões de propostas de comunicação oral estará aberto até 01 de junho de 2018. O evento ocorrerá nos dias 20 e 21 de junho, na Sala Machado de Assis, prédio B do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. As propostas devem ser enviadas para o e-mail: seminario.oco@gmail.com, contendo nome, vínculo institucional, título do trabalho, resumo (entre 200 e 300 palavras) e palavras-chave.