[Representação Discente] Nota de Repúdio dos Representantes Discentes do PPGLit

12/06/2020 08:00

Nota sobre o artigo de opinião “Por que a UFSC não retorna suas atividades?”, publicado por estudante do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGLin) no dia 5 de junho de 2020 no jornal ND Mais (Grupo ND).

Diante da publicação e veiculação do artigo de opinião “Por que a UFSC não retorna suas atividades?”, nós da Representação Discente do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina manifestamos nosso repúdio ao ataque à Educação Superior realizada pelo artigo.

Fazemos coro à Representação Discente do PPGLin: a UFSC tem demonstrado comprometimento e cuidado com a saúde de sua comunidade e tem debatido o retorno às suas atividades (de maneira presencial, não-presencial ou semipresencial) com as precauções necessárias para a segurança e a equidade de acesso para todos.

Esse tipo de ataque é corriqueiro em blogs de jornais, páginas e grupos de redes sociais, que se associam à ideia de que as universidades públicas não têm agido adequadamente frente à pandemia mundial que assola a todos. É comum a tentativa de ressurreição do discurso falido e acientífico do ex-ministro do MEC, Vélez, que faz parte de grupos que usam dos golpes mais baixos para tentar associar a imagem da Educação Superior à vadiagem e reduzi-la a uma determinada visão política de maneira conspiratória.

Ignora-se o papel do Hospital Universitário, o único a pioneiramente e rapidamente montar um hospital de campanha em Santa Catarina. Ignoram-se os biólogos, físicos, engenheiros e médicos que continuam realizando suas pesquisas e estágios nos laboratórios. Ignora-se que o trabalho dos professores, técnicos e alunos do Ensino Superior não se reduz às aulas. Ignora-se que os cursos de EaD e atividades de pesquisa não presenciais não foram paralisadas. Para o bem ou para o mal, como ressoam o reitor e pró-reitores, a UFSC, como todas as universidades públicas no país, não pararam. E “para o mal” é o lado que pende principalmente aos alunos em situação de vulnerabilidade ou que, por conta das quarentenas, retornaram às suas casas, às vezes sequer em Santa Catarina.

Retomar as atividades semipresencialmente sem considerar a verba da UFSC inclui ferir o artigo 205 da Constituição Federal, que garante a universalidade da Educação como direito básico. Não há espaço para idealismo nesta pandemia, onde todos os alunos que não têm acesso à internet, até para responderem a questionários se têm ou não acesso à internet, iriam ser mapeados e iriam receber alguma ferramenta para continuar seus cursos de graduação ou pós-graduação, independentemente das suas condições psicológicas ou de saúde. Em vez de propor uma solução que levasse em conta estes fatores, que são de preocupação de absolutamente todos os sujeitos na UFSC, a opinião que se espalha é a de que a Educação (Superior) é falha. Não é fácil retomar o respeito da sociedade após a propagação deste tipo de opinião, mas é nosso trabalho enquanto alunos e alunas que prezam pela democracia e pela democratização do ensino. Por isso, escrevemos esta nota, aproveitando para compartilhar com os leitores e leitoras uma imagem que representa nosso trabalho, realizada pelo cientista da informação, Enrique Muriel:

 

Florianópolis, 11 de junho de 2020
Representação Discente do PPGLit – UFSC, Kamiquase


KAMIQUASE
Representação discente do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGLit/UFSC)