Escola de Altos Estudos-CAPES/2018-2019

Literatura, arte e pensamento são aberturas, territórios porosos e ruinosos, e, sobretudo, um laboratório de experiências com-na-da linguagem. Com base nesses pressupostos, a expressão Italian Theory/Thought, mesmo com suas problematizações, aponta, com efeito, para uma preocupação e especificidade do pensamento italiano concernente ao tema da linguagem. Pensar a linguagem, de fato, é entrar no âmago da experiência humana, é penetrar num espaço misterioso e, ao mesmo tempo, necessário e fugaz, indecidível. O pensamento pode ser visto como uma operação com a linguagem, que desativa a própria linguagem e deixa inoperantes as funções comunicativas e/ou informativas, possibilitando assim um novo uso. A literatura e a arte, muitas vezes, possuem seu objeto sem conhecê-lo e a filosofia o conhece sem possuí-lo. É esse gesto que torna possível o pensamento no pensamento. Poder-se-ia, ainda, afirmar que a linguagem não é de modo algum um meio de comunicação neutro e objetivo. Nessa trama que vai se constituindo, abrindo e hibridizando, não é possível, contudo, deixar de pensar na esfera do político e também na do “discurso interior”, nas “gramáticas de conflito”, enfim, no fato de que a arte e a literatura não podem ser reduzíveis unicamente à dimensão linguística.

O artista pode ser considerado um sem obra, capaz tanto de uma potência “que pode” como de uma potência “de não”, mantendo sempre em aberto a possibilidade de realização; sua potência está na inoperosidade, que se torna uma política dos meios puros, ou seja, o espaço que se abre quando os dispositivos que ligam as ações humanas são suspensos, tornando-se inoperantes. Nessa perspectiva, apropriação e hábito caminham ao lado de perda e expropriação.

A leitura, por sua vez, também provoca e opera deslocamentos. É um agir que se desdobra em novos usos e, ao mesmo tempo, se torna um gesto político, que não coincide com uma substância ou uma forma, mas é justamente um gesto, um meio.

São esses enfoques que perfilam o projeto Literatura e arte no pensamento italiano contemporâneo, colocando em diálogo diversos autores, até de forma anacrônica, na intersecção entre eu e escrita, pensamento e linguagem.

O projeto nasce em parceria entre UFSC e USP e é fruto, em particular, de uma série de articulações que vêm sendo desenvolvidas no NECLIT e junto ao Programa de Pós-Graduação em Literatura (PPGLit) da Universidade Federal de Santa Catarina. Nos últimos oitos anos, em particular, a presença e a troca com professores provenientes de universidades italianas têm sido uma constante, por meio de cursos intensivos, da realização de eventos e de publicações no Brasil e na Itália. Graças a algumas dessas iniciativas voltadas para a cultura, a literatura e o pensamento italiano é que, inclusive, se constituiu o NECLIT.

Equipe

Profa. Dra. Ana Luiza Britto Andrade (UFSC) – https://orcid.org/0000-0002-1261-0944

Prof. Dr. Andrea Santurbano (UFSC) – https://orcid.org/0000-0001-5066-8971

Profa. Dra. Maria Aparecida Barbosa – http://orcid.org/0000-0002-6494-6757

Profa. Dra. Patricia Peterle (UFSC/CNPq) – https://orcid.org/0000-0002-8990-3702

Profa. Dra. Elisabetta Santoro (USP) – https://orcid.org/0000-0001-7577-368X

Profa. Lucia Wataghin (USP)- https://orcid.org/0000-0001-8536-1064 

Profa. Dra. Maria Cecilia Casini (USP) http://orcid.org/0000-0001-5264-2046

Prof. Dr. Maurício Santana Dias (USP)- https://orcid.org/0000-0002-0279-6335

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