Curadoria de cineclube – Biográficos

10/11/2020 09:34

Em parceria com a linha de pesquisa ‘Subjetividade, Memória e História’ do Programa de Pós-graduação em Literatura (UFSC), o Projeto de Extensão Cinema Mundo apresenta sua nova curadoria virtual: “Biográficos”. Pretende-se montar um painel de filmes que retrate histórias de vidas em diferentes perspectivas e com distintas fatias temporais, permitindo a reflexão sobre a representação de trajetórias no audiovisual. A curadoria estará disponível no Instagram (@cinemamundo.ufsc) e no Facebook (@cinemamundo) do projeto.

No campo do fazer biográfico muitas mudanças aconteceram nos últimos anos. Por força do sistema de estrela de Hollywood,  toda uma seção de fofocas foi criada no jornalismo para cobrir a vida de atores e atrizes. Ironicamente, é também por conta da morte trágica de James Dean, pelo suicídio de Marylin Monroe e pela depressão de Brigitte Bardot que uma nova faceta se revela no interesse biográfico: a curiosidade em espiar pelo buraco da fechadura os infortúnios da vida privada. As histórias de sofrimento pessoal tornam-se um mercado e, com o tempo, foi construindo uma relação tóxica entre fama e infâmia.

Outra alteração importante também começa a acontecer nos fins século XX. Se antes a biografia era um gênero dos mortos, na contemporaneidade o fazer biográfico tornou-se mais um produto de consumo – resultado óbvio do impacto do culto midiático das celebridades. O jornalismo também acompanha a onda, produzindo as midiagrafias, esse fazer biográfico que registra o dia-a-dia das personalidades nos tabloides.

O fazer biográfico, apesar das mudanças, continua longe de expressar a realidade. É um discurso que representa a vida como pensada e não a vida como vivida. A vida como vivida é cheia de espaços em branco, acontecimentos sem sentido, repetições, acasos. A vida como pensada é editada, organizada cronologicamente e dotada de sentido, comprimida e condensada. Não exatamente real, mas uma fábula baseada em fatos reais. Condensação ainda mais acentuada no cinema, com filmes de cerca de duas horas para dar conta de uma história de vida, permeados de licenças dramáticas e estrutura melodramática para cativar mais o público.

Este, portanto, é um convite para reflexão: como o audiovisual costuma representar vidas?

A primeira live do ciclo “biográficos” será nessa quinta-feira, dia 12

de novembro, às 19 horas, sobre “Afterimage” (Powidoki, Andrzej Wajda, 2016). O debate contará com os comentários de Izabela Drozdowska-Broering com a mediação de Marcio Markendorf. Somente no Instagram do Cinema Mundo (@cinemamundo.ufsc).

Sobre o filme

Władyslaw Strzemiński é um artista de vanguarda polonês que superou todas as dificuldades impostas pelas suas deficiências físicas – ele não possuía uma perna e um braço – e também o ódio, a indiferença e a crueldade dispensados pelas autoridades de seu país para se tornar um dos artistas mais reverenciados do século vinte, uma verdadeira força da natureza que batalhou com todas as forças para construir seu progressista e genial programa artístico.

Izabela Drozdowska-Broering possui doutorado na área de Letras alemão pela Universidade de Adam Mickiewicz, Polônia. É professora adjunta na UFSC, onde atua no Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras e no Programa de Pós-graduação em Literatura. É também escritora e tradutora.

Marcio Markendorf é professor Doutor em Literatura. Professor

adjunto do Departamento de Artes e Libras da UFSC, lecionando no Curso de Cinema e na Pós-graduação em Literatura.