Raul Antelo – ANTONIO CANDIDO FORÇA E CONTRA-FORÇA

18/05/2017 17:47

Apresentação

Raúl Antelo, em Antonio Candido y los estudios latino-americanos (Pittsburgh: Instituto Internacional de Literatura Iberoamericana, 2001), organizador por Antelo, e no qual há uma série de ensaios de críticos de várias partes do mundo, lemos na “Introdução”: “Con perspectiva de medio siglo, en el Post-criptum que redactó en 1986 para la edición de jubileo del clásico de Buarque de Holanda, Antonio Candido nos dio una sutil interpretación de lo que sería ese sentimiento de soledad y aislamiento que confesaba compartir con las mejores voces del modernismo de su país. A diferencia de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, que mostró los avatares del liberalismo de elites, disociado entre un modernismo progresista y otro reactivo, o de Formação do Brasil contemporâneo, de Caio Prado Jr., lectura marxista del proceso de formación del mercado de trabajo, las Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda probaron, según Antonio Candido, que una vez agotada la explicación localista para los impasses de la modernización, lo que llamaría, en el caso de Drummond, ‘a investigação do itabirano pelo itabirano’, surgió la conciencia de imposibilidad de vivir de sí mismo y se concluyó por ‘extrair da sua solidão esse sentimento de fraternidade por via da fragilidade comum’, comunidad que, en el post-scriptum jubileo, adquiere una inequívoca tonalidad política y, diría más, partidaria, la de un emergente ‘radicalismo potencial das classes médias’ al que, en el Brasil post-dictatorial, el Partido dos Trabalhadores, fundado entre otros por Candido y Buarque de Holanda, daría no sólo voz sino tamaño a su esperanza” (p. 8). Tal questão ainda se fará presente nos desdobramentos do pensamento de Raúl, dezesseis anos após a publicação do volume crítico-homenagem a Candido, visto que “o observador literário” não apenas é aquele que contempla a paisagem de modo passivo, mas também o que se vê vendo paisagens em movimento que o atravessam e que o transformam, isto é, – como Raúl nos coloca nesta breve homenagem-crítica -, força e contra-força. Nesta relação, parece-me, reside nossa tarefa, ou nossa maior homenagem ao crítico e professor Antonio Candido, já que na oscilação que se dá nesse jogo de forças o sistema – tão caro a Candido – da velha dicotomia do dois (das velhas constantes do compars) pode passar para o vir-a-ser do três (das mutações provocadas pelo dispars), entre comparecimento e desaparecimento. Assim, Antonio Candido nos deixa um enorme desafio, já que mais uma vez estamos ameaçados pela insurgência de forças totalitárias: suspender as certezas do Sistema, das violências de todo e qualquer Sistema.

Davi Pessoa, 16 de maio de 2017.

https://revistapolichinello.wixsite.com/candido-antelo